A tendência mundial para as fontes de informação é a migração para o formato digital. Essa tendência já vem ocorrendo há mais de 10 anos e não tem volta! A resistência quanto ao formato digital para livros é similar à resistência nos anos 90 contra o formato digital para fotos. As pessoas pensavam ser um absurdo ter fotos apenas em formato digital, fazendo comentários que hoje chegam a não fazer sentido como “será um grande custo ter que imprimir todas as minhas fotos na minha impressora pessoal”. Hoje em dia ninguém mais imprime fotos e esse tipo de comentário realmente não faz sentido. Fotos são compartilhadas online em sites como Facebook, Flickr, Orkut, por e-mail, no entanto, apenas imprimimos fotos que acabam em molduras na parede, o resto permanece em formato digital e não vemos problema algum com isso, pelo contrário, o formato digital para as fotos é uma grande vantagem. As fotos não envelhecem, não estragam e podem ser enviadas para um infinito número de pessoas, ao contrário de nossas preciosas fotos de papel que precisavam ser guardadas e protegidas contra estragos e envelhecimento e defendidas de gente que queria tomá-las de nós (ou quem amargaria o custo de reprodução através dos negativos)!
A primeira mídia de informação a ser atingida pela revolução digital foi a indústria jornalística. Jornais e revistas estão lutando com todas as forças para permanecer com a cabeça fora d’água e evitar o inevitável mergulho fatal. O fato, entretanto, é que jornais e revistas de papel estão com os dias contados – de verdade! A indústria toda está tentando competir online, algumas com mais sucesso que outras. Aqueles que estão se saindo bem como a revista TIME e o jornal The New York Times são os que foram rápidos a entender e aceitar que a mudança seria inevitável e que quanto mais rápidos fossem a conquistar a lealdade do internauta, mais sucesso teriam com menos tombos pelo caminho nesse processo de mudança.
Com a popularização dos meios de acesso à mídia digital a informação está cada vez mais sendo disponibilizada somente neste formato. A publicação em papel é um processo arcaico, caro, logisticamente complicado e para os verdes, completamente antiecológico. A necessidade da publicação em papel originava-se somente das possiblidades disponíveis quanto aos meios de levar informação ao público. Até a popularização dos meios digitais, o papel era a forma mais prática e barata para se disseminar informação. Não é mais.
O público que consome informações em forma de livros, jornais e revistas também tem acesso ao mundo digital. A parcela da população que ainda não tem acesso à informatica não consome informações de qualquer forma impressa, tendo na TV seu veículo de informações preferido. O público que é ávido consumidor de livros, jornais e revistas já está bem acostumado com o mundo virtual, tendo acesso à internet (e acessando-a diariamente) e sendo, aos poucos, introduzido a equipamentos portáteis de acesso à internet e informações digitalizadas como ipad, Kindle, smart phones como iphone e Android. Com a popularização dos meios de acesso a informações digitalizadas e a presença desses equipamentos constante na vida do público consumidor de informações, é natural que essa tendência de digitalização do conteúdo se fortaleça cada vez mais.
Os próprios softwares de acesso ao conteúdo digital se atualizaram largamente nos últimos 5 anos, permitindo com que o leitor faça com um arquivo digital tudo o que pode fazer com a mesma informação de forma impressa. Softwares de leitura de e-books (livros digitais) como Adobe Reader permitem com que o leitor grife partes do texto assim como faz no papel, além de permitir anotações e marcações. Aplicações para equipamentos como o ipad permitem ainda uma variedade criativa de opções para que o leitor possa “marcar” o texto que está lendo da forma como lhe for mais conveniente, oferecendo diferentes cores para “grifar” o texto e até mesmo a possiblidade de escrever na “folha digital” do livro como se fosse uma folha normal de papel.
Esses equipamentos portáteis também quebram a última barreira que costumava ser o maior obstáculo para completa adesão ao formato digital. Antes dos smart phones, do ipad e do Kindle, livros digitais só podiam ser lidos em um computador ou no máximo em um laptop. Pessoas que gostam de ler livros, digamos, numa rede, na praia, na beira da piscina ou embaixo de uma árvore no parque ainda ficavam relegadas ao formato impresso. Hoje a facilidade e praticidade de transporte desses equipamentos torna esses eventos possíveis. Um Kindle cabe facilmente numa bolsa ou bolso de uma jaqueta, é extremamente leve e não tem luz interna, o que faz com que sua tela seja idêntica à página de um livro – o Kindle é preenchido com “tinta digital” e por não ter iluminação interna como a tela de um computador não irrita ou cansa os olhos e pode ser lido com qualquer nível de luminosidade tal qual um livro normal, como numa praia ou na beira da piscina onde a luz solar criaria reflexo tornando difícil a leitura num equipamento com luz interna como o ipad.
O ipad, por sua vez, é quase como um computador portátil, permitindo navegação confortável na internet e visualização perfeita de livros digitais, fotos e vídeos. Pode não ser o equipamento ideal para levar à praia ou à piscina, mas ganha do Kindle quando o propósito não é apenas a leitura de um livro em preto e branco (o Kindle é apenas preto e branco, literalmente se parece com um livro!).
Outra imensa vantagem desses equipamentos é a possibilidade de comportar uma quantidade quase infinita de livros digitais. Tanto o ipad quanto o Kindle, assim como smart phones como o iphone e o Android, possuem aplicações (chamadas de apps) que conectam todos os aparelhos pertencentes à mesma pessoa à loja do Kindle na Amazon.com (o Kindle é um equipamento fabricado e vendido pela Amazon). O usuário pode carregar arquivos digitais diretamente em seus aparelhos como livros digitais em PDF comprados pela internet afora ou adquiridos de qualquer outra forma, no entanto, o termo “infinito” vem da possibilidade de sincronia com a Amazon.com. Todos os livros digitais adquiridos na Amazon ficam armazenados na conta do usuário na própria Amazon, o que permite um estoque de livros, senão infinito, maior do que a própria capacidade do aparelho individual. Quando o usuário quer ler o livro ele baixa o arquivo individualmente para o seu aparelho direto da app do Kindle (que funciona em qualquer outro aparelho também, mesmo para quem não tem Kindle!). A mágica do processo ocorre quando o usuário quer continuar a leitura em outro aparelho, digamos, seu laptop pessoal. O laptop, por sua vez, teria também a app do Kindle instalada, que uma vez conectada à Amazon sincroniza as leituras em todos os aparelhos do usuário. O leitor então, não precisa se preocupar em “marcar” a página ou lembrar onde parou a leitura. A Amazon faz esse serviço e abre o livro em qualquer outro aparelho do mesmo usuário, exatamente na página onde a leitura foi interrompida. Eu não sei você, mas eu acho isso o máximo!
Também acho o máximo não ter mais que carregar livros impressos comigo quando vou, por exemplo, viajar. Eu sou uma consumidora assídua de livros e sempre carregava algum livro comigo quando sabia que teria que sentar e esperar por qualquer coisa, fosse numa sala de espera num consultório médico, numa repartição pública ou num aeroporto. Volta e meia eu me deparava com a decepção de não estar muito interessada no livro em particular que eu tinha escolhido, além do peso extra a ser carregado. Hoje em dia eu tenho à disposição em meu ipad, Kindle ou laptop uma quantidade incontável de livros. Carrego PDFs em meu ipad e laptop frequentemente e tenho a app do Kindle instalada em todos os meus equipamentos com milhares de livros comprados na Amazon prontos para serem baixados e lidos. Qualquer que seja o equipamento de minha escolha em determinado momento (Kindle para a praia, ipad para aeroportos, laptop para quartos de hotéis, etc.) eu tenho todos os meus livros, assim como diversos jornais e revistas, sempre à minha disposição.
Resistência a essa mudança é esperada como sempre houve resistência a qualquer tipo de avanço ou novidade que requeira mudança de hábitos por parte do público. Hoje em dia as duas reclamações mais frequentes são com relação à impressão – mas eu vou ter que gastar tinta e folhas para imprimir todas essas páginas? o que me lembra o pessoal reclamando das fotos digitais no passado – não, não precisa gastar tinta nem folha nenhuma, não imprima livros digitais!
O que nos leva para a segunda reclamação: mas meus olhos cansam de ler na tela… Compre um Kindle! (se acha muito caro, faça uma poupançazinha, vale à pena!) – ou acostume-se a ler na tela, desenvolva novos hábitos, aprenda a usar as ferramentas de suporte à leitura de softwares como Adobe Reader para uma experiência mais próxima da leitura de um livro normal (como capacidade de anotar e grifar). Se você já tem um smart phone, instale a app do Kindle e alguma app de leitura de PDFs e veja como é prático ler livros digitais em seu telefone. Isso tudo é uma questão de desenvolvimento de novos hábitos, assim como desenvolvemos novos hábitos para lidar com fotos digitais e músicas MP3.
Mantenha em mente que essa é uma mudança sem volta! Muitas editoras estão passando a publicar somente bestsellers em papel, enquanto todo o acervo passa para o formato digital (e permanece nele). Acredito que nos próximos 10 a 20 anos teremos cada vez menos livros nas estantes de livrarias e a tendência para os próximos 50 anos, considerando que livros consomem árvores e seu processo de fabricação polui o ambiente, é a extinção completa dos livros, jornais e revistas de papel.
Seja bem vindo ao futuro!